quinta-feira, 26 de março de 2009

Assembleia debate gravidez na adolescência e aborto legal

As Comissões de Saúde, de Educação e de Defesa da Mulher da Assembleia, promoveram, na manhã desta quinta (vinte e seis de março), uma audiência pública para debater o tema “Gravidez na adolescência e aborto legal”. A reunião foi solicitada pela deputada Nadegi Queiroz, do PMN.

A discussão foi provocada pela polêmica em torno do caso de aborto realizado em uma menina de nove anos, do município de Alagoinha, noticiada em todo o País e na mídia internacional, e que despertou forte reação por parte da Igreja Católica. No Brasil, o artigo cento e vinte e oito do Código Penal permite a interrupção da gravidez nos casos de violência sexual ou quando a vida da mãe está em risco.

Segundo Nadegi, que é médica obstetra, a reunião é uma oportunidade para que a população pernambucana construa uma opinião referente às posições de defesa e condenação do aborto legal, e sobre o grave problema de saúde pública que é a gravidez na adolescência.

A representante da Prefeitura do Recife, Carmelita Maia, afirmou que as adolescentes grávidas são desassistidas em todos os sentidos. Ela acrescentou que é significativo o número de meninas de dez ou onze anos usando contraceptivos, injetáveis ou orais, sem nenhum acompanhamento médico. Já o secretário de Desenvolvimento Social, Roldão Joaquim, apontou que o código penal precisa ser atualizado para se adequar à realidade brasileira.

O ginecologista e obstetra do Hospital Agamenon Magalhães, Eugênio Pita, defendeu que, nos casos de estupro, o foco da atenção médica tem que ser a gestante. Ele apontou, ainda, que a população desconhece a legislação sobre o aborto e os serviços que estão disponíveis para as vítimas de violência. Em Pernambuco, o Agamenon Magalhães e o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam) atendem esses casos, e existe um projeto na Secretaria Estadual de Saúde para ampliar o serviço.
O chefe da equipe médica do Cisam que atendeu a menina de nove anos, Sérgio Cabral, participou da reunião. A atuação de Cabral e da equipe do Centro foi alvo de um pedido de excomunhão pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho. O médico afirmou que os profissionais do Cisam continuarão cumprindo o papel de atender as vítimas de violência sexual, independente da opinião da Igreja.

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Clodoaldo Magalhães, do PTB, afirmou que é difícil entender a postura da Igreja, diante da necessidade de preservar a vida. Segundo a deputada Teresa Leitão, do PT, que preside a Comissão de Educação, as mulheres exigem que os temas femininos sejam vistos como relevantes para toda a sociedade. Elina Carneiro, do PSB, presidente da Comissão de Defesa da Mulher, pediu aos poderes que se unam para apoiar as crianças que enfrentam o grave problema da gravidez precoce.

Ao final do evento, a Assembleia promoveu uma homenagem à equipe do Cisam, sugerida pelo deputado Raimundo Pimentel, do PSDB.

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