terça-feira, 19 de maio de 2009

CPI da Petrobras deve atrasar obras da refinaria

A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras deve acarretar prejuízos para a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A avaliação é do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho. Ontem, ele afirmou que, na condição de empresa multinacional e sendo a quinta maior no setor energético, a Petrobras tende a adotar a cautela em relação a processos licitatórios que seriam iniciados em julho deste ano e, portanto, atrasar o cronograma traçado nesse sentido. “Essa é uma leitura que eu faço. Novos contratos vão, digamos assim, sofrer atrasos”, frisou, mostrando-se bastante incomodado com o fato.

Bezerra Coelho lembrou que a CPI estará sendo instalada em junho e que técnicos, assim como diretores da Petrobras, serão chamados para depor. “O trabalho da comissão irá durar 180 dias e não sabemos quais são as dúvidas, os esclarecimentos que os senadores teriam. Eu fico muito preocupado porque esse é um assunto que está sendo levado para a política e deveria ser tratado como algo de ordem técnica. Essa é uma coisa descabida, um exagero, um absurdo que está sendo cometido”.

O secretário aludiu a responsabilidade pelo acompanhamento das obras aos órgãos de fiscalização técnica, que já analisam os indícios de suposto superfaturamento na refinaria. Nesse caso, são o Tribunal de Contas da União (TCU), a Controladoria Geral da União (CGU), o Ministério Público Federal e a Polícia Federal (PF).

Atualmente, há investigações sobre uma suposta existência de superfaturamento na obra e suspensão de várias licitações por conta de preços elevados apresentados por empresas à refinaria. Um dos casos investigados pelo TCU inclui a terraplanagem deste projeto. Pelo menos 90% desta etapa está concluída, mas estaria, segundo o TCU, superfaturada em mais de R$ 50 milhões. Essas denúncias já fizeram a empresa postergar o término do projeto para o 1º semestre de 2011. “Essa comissão está servindo a interesses políticos menores”, ratificou Bezerra Coelho.

Ademais, a repercussão negativa que a CPI poderia trazer a uma multinacional como a Petrobras surge em relação ao trato com a PDVSA, empresa estatal da Venezuela, que poderá arcar com 40% dos negócios referentes à operação na unidade de refino. Más notícias em direção à Petrobras levariam o grupo a perder a credibilidade conquistada desde a sua fundação, em 1953, e dificultar ainda mais a parceria com os venezuelanos. No que toca ao tema, a assessoria da Petrobras no Nordeste informou que não comentará a investigação aprovada pelo Senado Federal.

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